Destinação de casa voltada à cultura para batalhão policial gera reclamação de artistas em Taquaruçu

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Espaço é utilizado para encontros e na criação de produtos culturais há 20 anos. Prefeitura diz que questão ainda está sob análise da Procuradoria Geral do Município e não tem data para ocorrer. Artistas de Palmas reclamam da instalação da PM na Casa do Artesão em Taquaru
A população de Taquaruçu, distrito localizado a 30 km de Palmas, tem a Casa do Artesão como um dos meios de acesso à cultura regional. Mas o espaço está comprometido, já que a Prefeitura anunciou que a casa vai ser desocupada para virar uma base da Polícia Militar (PM). A situação gerou reclamações por parte de artistas locais que utilizam o espaço.
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Em nota, a Prefeitura de Palmas informou que tem trabalhado para garantir um espaço adequado para que os artesãos de Taquaruçu possam expor e comercializar seus produtos ao público, entre elas estão as obras do Centro de Cultura e Arte e a do centro de comercialização de produtos locais. (Veja a nota na íntegra abaixo)
A casa foi construída há 20 anos a partir de um financiamento internacional da Inglaterra, em parceria com a prefeitura. Atualmente é um dos principais pontos de encontros culturais do distrito. Mas por ser um espaço de propriedade do município, a prefeita Cinthia Ribeiro (PSDB) anunciou a mudança em um evento, informando a instalação do 13º batalhão no distrito.
Segundo Erval Benmuyal, coordenador do espaço, diversos eventos são realizados na Casa do Artesão, que envolvem a comunidade. “Tem festivais, encontros de cultura, criação de produtos culturais, sejam audiovisuais, sejam produções musicais, sejam produções de clipes. É uma diversidade e uma pluraridade cultural que a gente desenvolve aqui enquanto ponto de cultura”, explicou, sobre a funcionalidade da casa.
Casa do Artesão, em Taquaruçu
TV Anhanguera/Reprodução
Darlan Soares, que é artista, questionou a decisão de tirar o ponto de cultura do local. “Eu gostaria muito de poder entender todo esse processo, se a prefeitura entende que o prédio é da Fundação Cultural de Palmas e é tombada como patrimônio cultural do município e se isso não seria um desvio de função do prédio, porque hoje funciona como cultura. A gente é ponto de cultura do Ministério da Cultura e da própria prefeitura também”, disse.
O cineasta Caio Brettas usa o espaço para editar um filme que dirigiu e ainda faz oficinas para crianças. “A gente acha que deve ‘alimentar’ enquanto está novo para poder amparar melhor de conteúdo, porque eles têm uma facilidade com a tecnologia”, comentou, sobre a importância de inserir a cultura na vida das crianças da comunidade.
Com essa decisão, umas das principais reivindicações dos artistas que precisam da Casa para os trabalhos é saber para onde vão. “A gente entende que a finalidade do prédio é cultural. O poder público tem condições de estabelecer o batalhão da Polícia Militar em outro local aqui dentro do distrito”, pontuou Erval Benmuyal.
O produtor cultural Vitor Guilherme ainda reforçou o prejuízo dessa decisão para a comunidade. “A gente abrir mão de um espaço que é da comunidade, eu acho que isso não está em sintonia com o que a gente pensa de desenvolvimento humano”, lamentou.
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O que diz a prefeitura
A Prefeitura de Palmas informa que tem trabalhado para garantir um espaço adequado para que os artesãos de Taquaruçu possam expor e comercializar seus produtos ao público. Atualmente, estão em fase de construção dois equipamentos culturais no Distrito: o Centro de Cultura e Arte (CCA), integrado a um centro de comercialização de produtos associados ao turismo, com investimentos de mais de R$ 4,7 milhões.
A gestão ressalta que, desde o fim do contrato de concessão do espaço para a Associação Casa do Artesão de Taquaruçu, as atividades estavam suspensas no local. O serviço de assistência aos artesãos do distrito vem sendo mantido, como por exemplo, na cessão de um quiosque na praça Tarcísio Machado para que os artesãos comercializem seus produtos.
Durante os eventos do Capital por um dia, foi anunciado que o antigo espaço da Casa do Artesão será cedido para que a Polícia Militar possa instalar o 13º Batalhão, garantindo maior segurança à comunidade local. Neste momento, a questão está sob análise da Procuradoria Geral do Município.
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Fonte: G1 Tocantins